top of page

Dá para controlar a sensação de ansiedade?

Os problemas decorrentes de ansiedade excessiva são cada vez mais comuns em todo o planeta e vêm aumentando ainda mais na última década. Com o crescimento destes distúrbios emocionais, a depressão também vai ficando cada vez mais presente na sociedade. É muito difícil alguém que não conheça uma pessoa que tome ansiolíticos e antidepressivos, que tenha problemas relacionados à ansiedade ou que sofra ou já tenha sofrido de depressão. A ansiedade é algo inerente a todos, mas existe um limite. Quando o limite é extrapolado, o sentimento para de ser relacionado a instintos de sobrevivência e começam a aparecer os problemas. Mas afinal, como contornar esse obstáculo e controlar a sensação?


 


Como a ansiedade nos afeta


Assim como os animais no geral, temos instintos de sobrevivência. Por também sermos animais, esses sentimentos vêm sem que possamos controlar. O medo, da mesma forma que a ansiedade, fazem parte do comportamento humano. Por sermos racionais e termos o pensamento como ferramenta, muitas vezes passamos a tentar antever situações baseadas em experiências passadas.



Ansiedade é a reação natural do corpo ao estresse. É um estado emocional caracterizado por sentimentos de tensão, preocupação e pensamentos ruins, normalmente. Mas é sempre fundamental lembrar que nem sempre a ansiedade é uma doença. Em seu estado normal, pode ser até mesmo saudável para o indivíduo, pois ela o impulsiona para realizar projetos, prosperar e planejar o futuro. O que se torna alarmante é o excesso desse sentimento, que dispara uma descarga de adrenalina no corpo para prepará-lo para agir, trazendo consigo uma fadiga muito grande.



Relato pessoal: enquanto escrevia este texto, houve um problema no computador, que saiu do local onde estava escrevendo. Como não havia efetuado o salvamento do arquivo, achei que tinha perdido tudo. No momento, não foi possível prestar atenção em mais nada, pois apenas uma leve sensação de desespero, irritação e cansaço tomou conta. Ao sentar e respirar, foi possível localizar uma pasta onde estava o último arquivo trabalhado no programa – e que não estava salvo – e, desta forma, sua recuperação aconteceu e o alívio foi grande.



Prosseguindo, este relato mostra como a ansiedade está presente – até de forma irônica, por ter acontecido isso durante o processo de criação do texto que aborda o tema – no cotidiano. Não adianta negar, ela está em todos os lugares, seja em menor ou maior escala, assim como de forma menos ou mais prejudicial. Com a internet, muitos casos leves de ansiedade foram agravados por estarmos constantemente em contato com um volume muito grande de informações e uma expectativa irreal criada pelos padrões sociais e de comportamento postados nas redes sociais. Ao vermos todos os dias essas vidas “perfeitas” e inalcançáveis, passamos a nos descontentar com nossas realidades cada vez mais, aumentando a ansiedade por temermos não alcançar nunca aquele padrão tão sonhado e tão impossível. Desta forma, abrimos portas para outros distúrbios, como a depressão, que está muito relacionada – mas não necessariamente.



Um dos males em crescimento no século XXI


Como as redes sociais podem auxiliar no aumento dos casos de distúrbios emocionais e psicológicos, alguns deles, como a ansiedade, acabaram se intensificando no século em que vivemos. Afinal, o mundo contemporâneo é dominado pelas redes sociais, apesar de tudo isso ser recente, vem ocorrendo de forma intensa nos últimos 15 ou 20 anos. Apesar de ser visto como um problema contemporâneo, a ansiedade sempre esteve presente, mas nunca foi tão encorajada a ser debatida como é hoje.



Se por um lado temos o problema que é sua incidência cada vez maior e o grande consumo de antidepressivos – que já pode estar até mesmo interferindo no meio ambiente, sendo tema de algumas pesquisas que buscam identificar o quanto o consumo desses remédios pode poluir a água e os organismos aquáticos, não só pelo descarte inadequado, mas também pela excreção destes fármacos, que podem ser expelidos inalterados do organismo –, por outro vemos uma maior abertura com a conversa e desconstrução de um tabu. É normal tabus serem destruídos com o tempo, porque com os estudos, algumas coisas vão se mostrando mais frequentes na sociedade do que se imaginava.



As próprias redes sociais, tão relacionadas ao aumento dos distúrbios, são palco de longas conversas sobre estes temas. Se a internet nos faz ver vidas inalcançáveis e nos torna mais ansiosos e imediatistas, elas também abrem espaço para debates sobre diversos temas. A comunidade LGBTQIA+, por exemplo, encontrou em grupos e afins formas de se expressar, assim como minorias étnicas e pessoas que precisem falar sobre suas lutas. Conversar ainda é um remédio extremamente eficaz no combate aos distúrbios psicológicos. Encontrar grupos que pensam de forma semelhante, especialmente quando a pessoa se via como única no mundo com aquele pensamento, também pode ser algo muito positivo. Se com a internet ficou mais fácil divulgar mentiras e entrar em brigas, também ficou mais simples criar comunidades virtuais com viés positivo, para divulgação de estudos, troca de ideias e experiências e até mesmo para acabar com a solidão, possibilitando até conhecer pessoas para marcar encontros. A internet é o melhor e o pior dos mundos.



O crescimento da ansiedade no Brasil


Sim, apesar dos dois lados mostrados anteriormente, tanto o que auxilia o crescimento da ansiedade como distúrbio, quanto o que barra seu aumento, ainda é um dos grandes problemas do século, especialmente no Brasil, o país mais deprimido da América Latina, sendo o segundo do mundo, e o mais ansioso do planeta, segundo a Organização Mundial de Saúde.



É muito difícil uma pessoa que viva no meio urbano brasileiro em 2020 e não conheça sequer um indivíduo que sofra com o excesso de ansiedade. Enxergamos isso nas ruas, com constantes brigas de trânsito, pessoas correndo com seus carros, buzinas, falta de respeito e a quase inexistência de preferenciais. Além disso, também podemos ver esse problema presente nas calçadas, através de pessoas aceleradas e ao mesmo tempo, vidradas em seus telefones celulares. É uma dualidade: uma pessoa que é impaciente e anda em passos largos, ao mesmo tempo é alguém que não consegue sair da distração que está inserida, sua bolha virtual.



Cerca de 60% das pessoas se autodeclararam ansiosas e mais de 80% acreditam que a sociedade atual apresenta um alto grau de ansiedade. Ao menos é isso que indica uma pesquisa realizada pela MindMiners, que contou com a participação de 550 pessoas espalhadas pelo Brasil, de todas as faixas etárias e classes sociais. A ansiedade já se mostrou um problema que não está restrito à uma parte da população. Vemos ricos, pobres, brancos, pretos, heterossexuais, homossexuais, bissexuais, transexuais, empresários, jogadores de futebol, padeiros, pedreiros, desempregados, idosos, adultos e até mesmo crianças ansiosos. Este é um problema crônico em todos os sentidos: vem de muito tempo, pode continuar extremamente presente em nossas vidas durante muito tempo e leva tempo para ser tratado e amenizado.



Mas e aí, é possível?


Depende. O que você faz para ser possível? Você faz terapia? Você se abre sobre seus problemas com quem confia? Você confia em alguém para falar sobre esses problemas? Diversas coisas podem ser feitas para controlar a ansiedade e muito auxílio pode ser buscado, mas a ajuda mais importante que uma pessoa ansiosa terá é por parte dela mesma. Ao se dispor a combater o excesso de ansiedade e preocupações – procurando ajuda externa, por exemplo – e se prevenir, evitando a exposição a demasiadas fontes de estresse quando for possível, a pessoa tem maior tendência a conseguir controlar isso com estratégias.



Quanto mais cedo as estratégias forem traçadas, mais rápido poderá ser o resultado. Por isso, fazer terapia é algo que deve ser cada vez mais encorajado. O tabu imposto nos acompanhamentos psicológicos está sendo combatido – e precisa ser mesmo. É mais comum hoje vermos pessoas falando abertamente sobre terapia e recomendando terapeutas às pessoas do que era há 10 anos. 20 ou 30 anos atrás então, nem se fala. A ideia de que terapia é apenas para pessoas loucas já é passado em muitos lugares do mundo e até mesmo em muitos pontos do Brasil. O acompanhamento psicológico é importante desde a infância, pois além de um combate à ansiedade excessiva, que pode evoluir para distúrbios ainda mais graves, também serve de aprendizado. Nada melhor do que chegar na adolescência, uma das fases mais difíceis devido à descoberta de coisas novas, às emoções constantemente à flor da pele e às constantes mudanças, com estratégias internalizadas para lidar com todas as radicais mudanças ocorridas em um curto período de tempo. Quem faz terapia desde cedo sai preparado não somente para o mundo presente, mas para qualquer tipo de mundo, com qualquer tipo de mudança.



Além disso, apesar de ainda serem um tabu para muitas pessoas, os medicamentos, como ansiolíticos e antidepressivos, quando aliados à terapia, podem ter um ótimo resultado e dar a organização mental e a calma que a pessoa precisa para controlar a ansiedade. Passar pelo psiquiatra, assim como fazer acompanhamento psicológico, não é “coisa de gente louca”. Assim como qualquer médico, é importante fazer checkup e cuidar da saúde mental. Se você malha seu corpo, por que não “malhar” o cérebro e fortalecê-lo para lidar com os pesos do dia a dia?



Outros métodos de implementar a calma na vida também podem ser de grande ajuda. A meditação é um desses métodos, funcionando como um treino – assim como o abdominal deixa sua barriga durinha e o agachamento fortalece seus glúteos – para a mente, possibilitando que a pessoa, a cada cinco minutos que tire diariamente para se desligar de tudo e meditar, foque no momento presente. Existem vários tipos, como a meditação mindfulness, em que a pessoa se esforça para refletir de forma consciente sobre os sentimentos, os pensamentos e as sensações. A ideia é compreender os sentimentos que estão no seu interior, realizando uma reflexão sobre eles para buscar entender melhor uma questão e desta forma, torná-los menos incômodos.



E então, você faz algo para controlar a ansiedade? Conta com alguma ajuda? Começará a fazer agora?



Uma abordagem fenomenológica da ansiedade no mundo contemporâneo


As "ansiedades" próprias de nosso tempo se manifestam a cada dia mais, e de forma mais acentuada. São fobias, obsessões, compulsões e adições de toda ordem, implicando dor, sofrimento e esvaziamento existencial.


É preciso dar um passo atrás pra podermos compreender as possibilidades de sentido possíveis nesse horizonte.



Para falar mais sobre o tema, o OndeAprendo está oferecendo um curso de extensão online com o título “Uma abordagem fenomenológica da ansiedade no mundo contemporâneo”. O ministrante será o Prof. André Luis Bordini (CRP 06/75018), graduado em Ciências Sociais e Jurídicas (UNESP) e em Psicologia pela Universidade Paulista (UNIP), além de Formação em Psicologia Clínica Fenomenológico-Existencial pelo IFEN-RJ. Atualmente, ele atua como psicólogo clínico e psicoterapeuta.



O curso está disponível na plataforma do OndeAprendo, dividido em dois módulos: “Ansiedade no mundo contemporâneo” e “Estudos de casos” e oferece certificado digital. Vale ressaltar que é aberto a todos que estejam interessados em refletir sobre a questão da existência, seja na psicologia ou em quaisquer outras áreas.

2 visualizações0 comentário

Posts Relacionados

Ver tudo
bottom of page